Arquitetura para um futuro com consciência ambiental
Coberturas verdes ajardinadas num centro comercial de Hong Kong, arquitetura ecológica bem integrada num contexto densamente urbanizado.
Fotografia © PLandscape e LAAB Architects
A atualidade apresenta um conjunto de desafios decorrentes das alterações climáticas, a carência e procura de matérias-primas, a redução da pegada ecológica e a crescente necessidade de consumo energético, especialmente das economias emergentes. O somatório destes desafios é extremamente relevante para a área da arquitetura e construção, essenciais para a ponderação do projetista no exercício de projeto. A arquitetura sustentável surge como uma resposta essencial aos problemas ambientais contemporâneos, promovendo práticas que minimizam os impactos negativos sobre o meio ambiente e otimizando a eficiência dos recursos utilizados na construção.
por Rafael Vieira
Jardim xerófilo português, conceito de xeriscaping, utilização de espécies nativas e adaptadas a condições de seca.
Fotografia © Aproplan
Esta abordagem disciplinar permite a preservação do ecossistema, ao mesmo tempo que melhora a qualidade de vida dos cidadãos, refletindo um compromisso com a responsabilidade ecológica e social. Entre os temas relacionados com a arquitetura sustentável, destacam-se o uso de tecnologias inovadoras, a construção de casas passivas (passive houses), coberturas verdes, energia solar e recuperação de águas. Estas boas práticas demonstram a viabilidade da sustentabilidade e apontam para um futuro mais ecológico e eficiente. Os princípios da arquitetura sustentável incluem diversos aspetos que visam minimizar o impacto ambiental e otimizar o uso de recursos. A eficiência energética pode ser alcançada através do design passivo, utilizando elementos naturais, como a luz solar e a ventilação, para reduzir a necessidade de aquecimento, arrefecimento e iluminação artificial. Além disso, a arquitetura sustentável integra tecnologias renováveis, como painéis solares, turbinas eólicas e sistemas geotérmicos, para a geração de energia limpa e renovável.
Alçado tardoz de casa passiva – passive house – em Matosinhos.
Fotografia © Utopia Projects
Tratamento sustentável de cobertura verde em moradia unifamiliar.
Fotografia © Neoturf
O uso responsável de recursos é essencial, incluindo a escolha de materiais sustentáveis, reciclados ou de baixo impacto ambiental. Estratégias de redução, reutilização e reciclagem devem ser implementadas durante a construção e ao longo do ciclo de vida do edifício. A conservação de água é outra consideração importante a ter, com sistemas de reutilização da água, captação e tratamento de águas pluviais e cinzentas, reduzindo o consumo de água potável. O paisagismo sustentável, por sua vez, promove a criação de áreas verdes com plantas nativas, prados e xeriscaping, que requerem menor irrigação e manutenção. A qualidade do ambiente interno é fundamental, ao favorecer-se a ventilação natural, a circulação de ar e a entrada de luz solar, melhorando a qualidade do ar, reduzindo a dependência de sistemas de climatização. Materiais não tóxicos, como produtos de construção que não libertam compostos orgânicos voláteis (COV), devem ser utilizados para assegurar um ambiente interno saudável. Deve olhar-se para a inovação constante e acolher novas tecnologias e práticas sustentáveis emergentes, como as earthship, que requerem um olhar mais aprofundado e alguma maturidade legislativa.
Moradia unifamiliar earthship erigida num contexto árido.
Fotografia © Earthship Biotecture Portugal
Deve pensar-se na construção de um futuro sustentável sem abdicar da qualidade construtiva, viabilizando a construção sustentável como força no projeto. Com o avanço tecnológico e a procura crescente por práticas ecológicas, a tendência é que a construção sustentável se normalize e amplifique. Não é uma moda fugaz, mas uma necessidade no assegurar um futuro mais eficiente e ecológico.